sábado, 11 de fevereiro de 2012

Não Durma.

Nina era uma garota problemática. Tinha bom coração, mas frequentemente precisava de pílulas para dormir. Ela simplesmente não queria dormir de qualquer jeito. Isso poderia ser até normal se ela tivesse 6 anos, mas ela já tinha 16, e seu maior passatempo era observar pássaros. Não há pássaro algum à noite. Apenas insetos. Baratas, Escorpiões... Ela odiava todos eles. Mas um animal incomum lhe dava arrepios: O Bode. Depois ela desenvolveu um medo de palhaços, mas ela consegue evitar palhaços, já que onde ela mora Bodes são mais comuns que Palhaços.
Todas as vezes que dormia, ela sonhava com um lugar. Era tudo escuro, haviam mulheres grávidas com suas barrigas abertas, crianças decapitadas, homens com lanças enfiadas pela sua boca até sair pelo ânus. Mas todos eles viviam. Gemiam de dor, terror, mas não conseguiam morrer. Ao olhar para o outro lado ele via pessoas se cortando, sangue para os lados, e palhaços sorridentes. Sim, sorridentes. Eles se divertiam com aquilo, vez ou outra violavam uma mulher à força ou espancavam um garoto. Uma figura mistériosa acompanhava ela em sua caminhada sombria. Usava uma capa preta, cobrindo todo o corpo. Normalmente não era possível ver seu rosto, mas quando era, podia se ver que seus olhos e sua boca estavam costurados. Ele ostentava uma foice feita de ossos, e quando um dos palhaços chegava perto de Nina, ele passava a foice pelo palhaço, que logo se recompunha mas voltava pra onde tinha vindo. Era seu guarda costas naquela Terra dos Horrores. Ela precisava achar uma porta branca para poder acordar. Essa era a única coisa que a motivava a continuar andando e ver aquelas obscenidades. Havia também o palhaço chefe, que era a coisa que mais causava medo nela. Ele não parecia com um palhaço. Ele parecia com seu pai. E tinha pernas de bode, além de sempre andar por ai carregando cabeças de pessoas que ela conhecia. Algumas já estavam mortas no mundo real, outras vivas. Mas nesse mundo dos pesadelos, estavam todas vivas e gritando por socorro todas as vezes que a via. Na primeira vez que ela viu isso, tentou salvá-los, mas seu Guarda Costas a impediu. Esse palhaço amedrontava, até certo ponto, até mesmo o Guarda Costas, mas ele nunca deixava ninguém chegar perto de Nina.
Os pais de Nina estavam preocupados com ela, pois ela era Anti-Social, e tinha raiva de seu pai. Ela chegou ao ponto de passar 3 dias acordada direto. O indice de violência aonde ela morava era consideravelmente alto, então eles pensaram que ela estava sonhando com aquilo. Eles mudaram para sua cidade natal, Natal, em Rio Grande do Norte, e os pesadelos pararam. Por 2 dias. No terceiro dia, ao ir para a cozinha, ela encontrou o palhaço chefe, caminhando pela cozinha e segurando um cutelo em mãos.
-Achou que podia escapar de mim é?
Ele ria incessantemente, até que falou:
-Vou matar seus pais...! Você vai vê-los todas as noites, sendo torturados por mim! E principalmente sua mãe, aquela vadia. Ela vai chupar paus no INFERNO!
-Mas... Por que você quer fazer isso? E por que você acha que...
-Se eu acho que vão desconfiar de você? Claro que vão. Você tem problemas. Mas eu acho melhor eu te matar logo. Para me poupar de problemas, e para eu ter o prazer de ver você sofrer também!
Ela não quis me contar mais nada. Ela não podia. Sua boca foi se costurando aos poucos, e ela achou uma roupa como a do seu guarda costas. Ela nunca mais o viu. Ela também não pode ver nada também, seus olhos foram queimando até se fecharem de vez.
Quando ela chegou aqui ela era bonita. Estava um pouco magra demais, e parecia desesperada. Eu também venho aqui todas as noites ao dormir. Vejo pessoas semi-mortas, palhaços que se divertem com o sofrimento das pessoas... Vejo o palhaço de pernas de bode. A Nina é minha unica companhia. É a unica pessoa que me ajuda a encontrar minha porta branca. Caso você esteja lendo isso na parede dessa "casa", escute meu apelo: Não Durma. De jeito nenhum, não durma. Agora que você leu isso, o palhaço vai querer tirar satisfações com você. Ele não quer que ninguém saiba. Ele vai fazer com você o mesmo que ele fez com a Nina e vai fazer comigo. Eu quero sair daqui. Eu não quero ir pro inferno!

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Bons Pesadelos...

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